Ambev vende mais cerveja que o previsto

08/05/2019

Ambev vende mais cerveja que o previsto

Depois de encerrar 2018 com queda na venda de cerveja em volume, a Ambev mostrou reação entre janeiro e março. O carnaval tardio e o clima favorável impulsionaram as vendas da bebida, principal produto da companhia, com aumento de 11,3% no trimestre.

O resultado superou projeções de analistas, que estavam na faixa de 10%, e o desempenho do mercado em geral, que cresceu um dígito, segundo dados da Nielsen citados pela Ambev. Na semana passada, a rival Heineken também reportou avanço de dois dígitos no primeiro trimestre. A receita líquida da Ambev avançou 8,6%, para R$ 12,64 bilhões, com lucro líquido de R$ 2,75 bilhões, alta de 6,2%. O desempenho no Brasil ajudou a impulsionar o resultado global da controladora AB Inbev. O lucro saltou de US$ 1,35 bilhão para US$ 3,88 bilhões. A receita caiu 3,85%, para US$ 12,59 bilhões. A aguardada melhora nas vendas em volume no Brasil não foi suficiente para agradar ao mercado. As ações da companhia de bebidas encerraram o pregão com queda de 2,27%, cotadas a R$ 17,65.

No trimestre, a margem de lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação de ceveja no país caiu 46% para 42%. Para os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG, o crescimento de apenas 3,7% na relação entre receita e volume sugere que o aumento tenha ocorrido às custas das margens. "Além disso, a melhor alavancagem operacional só anula parcialmente o crescimento mais alto do que o estimado para os custos unitários", escreveram em relatório.

Já os analistas do Bradesco BBI disseram não confiar em uma recuperação sustentável da companhia e se mostraram preocupados com o desempenho no segundo trimestre, tendo em vista as baixas taxas de crescimento no consumo de cerveja no país. Em teleconferência com analistas, Bernardo Paiva, presidente da Ambev, disse que a companhia mantém um otimismo cauteloso com o país em 2019. Ele reafirmou, diversas vezes, a confiança na estratégia executada pela empresa nos últimos anos de ampliar as linhas de produtos e investir na venda de produtos mais caros, ou premium.

A avaliação é que a retomada da confiança do consumidor vai permitir que ele gaste mais com a compra de produtos premium, movimento que a Ambev está pronta para capturar. Paiva ressaltou, no entanto, que o aumento da confiança ainda não se refletiu no crescimento do consumo, a mesma observação feita por Carlos Brito, presidente mundial da AB Inbev, na teleconferência de resultados do grupo. De acordo com Paiva, a categoria premium representou 11% do volume no primeiro trimestre, com destaque para as marcas Budweiser, Stella Artois e Corona, que avançaram 50%. Nas próximas semanas a companhia vai trabalhar no lançamento da marca alemã Beck's. "Em nenhum mercado desenvolvido você tem uma marca premium dominante. Por isso você precisa ter um portfólio amplo", disse o executivo. No segmento de produtos mais baratos, Brito afirmou que a companhia tem procurado maneiras de participar "de forma mais intensa", com iniciativas que permitam oferecer preços competitivas e obter margens próximas aos dos negócios principais. Ele destacou as marcas Magnífica e Nossa, do Maranhão e de Pernambuco, respectivamente, que são feitas com ingredientes locais. "Acho que podemos ser mais competitivos não só com essas duas marcas e com líquidos novos, mas com iniciativas de embalagens que temos feito, especialmente com garrafas retornáveis", disse.
Paralelamente à divulgação do balanço, a Ambev anunciou, ontem, a compra de seu principal fornecedor de tecnologia, a HBSIS, de Blumenau (SC). Com o negócio, cujo valor não foi revelado, a companhia adicionou 400 programadores à sua área de tecnologia da informação. A HBSIS desenvolve sistemas ligados à área de logística, como gestão de entregas, frotas e roteirização.

De acordo com Fernando Tennenbaum, vice-presidente financeiro e de relações com investidores da companhia, a integração dessa equipe dará mais agilidade à Ambev, já que vai acelerar o fluxo de desenvolvimento de novas tecnologias. A operação da companhia será mantida em Blumenau.

Por Gustavo Brigatto | De São Paulo

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